O início
Começámos por nos organizar como grupo colaborativo com o interesse em fazer experiências de utilização do GeoGebra em sala de aula e partilhar essas experiências entre os membros do grupo. Este trabalho iniciou-se no ano letivo 2020-21.
Com o passar do tempo e o avolumar das reflexões e escritos sobre as experiências decidimos dar ao nosso trabalho a orientação de um projeto de investigação-ação. Definimos o propósito de estudar como é que os professores desenvolvem experiências de utilização do GeoGebra integrando-as na sua prática profissional e no seu desenvolvimento profissional. Estabelecemos então três princípios orientadores:
1) Responsabilização dos professores pelo seu desenvolvimento profissional com forte investimento em áreas de fragilidade do ponto de vista científico, neste caso a geometria.
2) Valorização de um trabalho colaborativo de partilha e reflexão sobre o desenvolvimento curricular que cada professor realiza.
3) Assunção de que os professores aprendem matemática através do ensino.
Em 2023, percebemos que o grupo tinha ganho consistência e coesão. Naturalmente tínhamos evoluído para uma comunidade de prática (Wenger, 1998): a) um interesse partilhado — a geometria dinâmica e a sua utilização com alunos dos primeiros anos; b) uma relação mútua prolongada no tempo e centrada na aprendizagem dos seus elementos através da ação; c) um conhecimento partilhado das competências de cada um dos seus membros, vivido numa relação forte de respeito mútuo e de negociação dinâmica de significados.
Ao fim de mais de três anos de trabalho conjunto assumimo-nos como
Uma comunidade de prática focada na utilização do GeoGebra
A criação e partilha de conhecimento é uma ideia importante associada a comunidades de prática. Esta ideia tem subjacente aspetos tácitos e outros aspetos de formulação explícita. Nesta comunidade de prática todos os membros do grupo estão tacitamente implicados na melhoria da aprendizagem dos seus alunos com recurso ao GeoGebra, na melhoria das suas práticas, no desenvolvimento do seu conhecimento profissional nas suas várias dimensões. Todos assumem que a geometria é uma componente do seu conhecimento matemático que querem desenvolver e reconhecem que a utilização do GeoGebra pode dar novos contributos para a aprendizagem de cada um. Todos estes objetivos são tácitos, precisamente porque fazemos parte de uma comunidade de prática.
No entanto, o trabalho que temos desenvolvido em conjunto, as discussões que temos tido e os textos que temos escrito orientam-nos também para objetivos do nosso trabalho focados na compreensão da matemática envolvida na aprendizagem com recurso ao GeoGebra e no desenvolvimento do conhecimento profissional com foco mais destacado no desenvolvimento do conhecimento matemático, sempre em ligação com o conhecimento didático.
Formulamos, assim, alguns objetivos que orientem transversalmente o trabalho que desenvolvemos e que nos permita fundamentar as situações vividas:
— Que aprendizagens matemáticas emergem da utilização do GeoGebra em tarefas de aprendizagem curriculares.
— Qual é o aproveitamento e a utilização didática que os professores fazem do potencial de aprendizagem matemática decorrente da utilização do GeoGebra e que vai para além das aprendizagens realizadas sem este recurso tecnológico.
— Como é que a participação numa comunidade de prática, que envolve uma dimensão de escrita colaborativa sobre as experiências realizadas, ajuda a promover a reflexão e a construir referenciais didáticos de utilização do GeoGebra úteis para outros professores.
— Como é que os professores participantes nesta comunidade de prática encaram o desenvolvimento do seu conhecimento matemático específico para ensinar e adquirem segurança na utilização do GeoGebra.
Referências
Wenger, E. (1998). Communities of practice: learning, meaning, and identity. Cambridge: Cambridge University Press.
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